As páginas mono com alguns coloridos são avistadas
diferentemente por seus leitores, entretanto com o único destino final.
Manchetes, matérias, releases, fotos e fatos, todos os
registros deveriam eternizar, mas são momentos do dia da edição, e pouco ou
somente a quem possa interessar, guardam tais, talvez na memória ou em uma caixa
qualquer.
Eu, como já escrevi algumas vezes para os jornais local,
tenho algumas páginas de edições anteriores guardadas, em uma pasta verde.
Arrumando as gavetas por esses dias, deparei-me com a pasta
e comecei a re(viver)ler as opiniões impressas, que oras ali, por impulsão ou
não, desempenhei sem qualquer pretensão, o papel de formadora de opinião.
Um texto que escrevi e que sempre bati na tecla sobre a
questão, quando discutido o assunto da água no município, é o tão propagado
“conforto hídrico” de Jundiaí.
Como profissional da área, ambientalista e cidadã
interessada na manutenção da qualidade de vida de Jundiaí, bem sei que esta
propaganda muito feita, às vezes nas mesmas páginas mono com alguns coloridos,
datadas e impressas, de que falamos anteriormente, é ilusão (idi)ótica, pois
não precisa ser expert no assunto para entender a matemática pura de que
crescimento populacional versus aumento do consumo de água resulta em déficit
futuro do uso do recurso hídrico.
O texto dizia mais ou menos isso, além de chamar a atenção
para nossa represa, que armazena uma alíquota de água do nosso manancial, que
na época estava com seu nível baixo, baixíssimo, e escombros de demolições as
vistas.
O tempo passou, as chuvas vieram, inclusive as de março e,
estranhamente em alguns anos até em junho e julho, época seca. Também, creio
eu, que os escombros permanecem no fundo da represa e o assunto água continuou
ser divulgado, iludindo a comunidade com o espelho d’água que temos.
Eis que em um dia qualquer recente, eu web-leitora dos jornais
local, me surpreendo com uma declaração da secretária de planejamento e meio
ambiente, Daniela, não gravei seu sobrenome ainda, sobre a fragilidade da
questão hídrica em nosso município.
Realmente, é um novo começo de era...e tomara que seja de
gentes finas, elegantes e sinceras!!!
Verdade seja dita: Jundiaí pertence a uma bacia hidrográfica
(Piracicaba, Capivari e Jundiaí) com um dos maiores déficit de disponibilidade
hídrica versus consumo/ habitante. Ainda, possui uma outorga de autorização de
captação de água do rio Atibaia; detalhe: ainda; pois este rio é formador de
reservas hídricas para o sistema Cantareira, que abastece 52% da região
metropolitana de São Paulo.
Também, com a toada de crescimento demográfica que a cidade
incorporou nesses últimos anos, o aumento extra, da curva populacional natural
padrão da cidade, é muito maior e considerável, para a garantia de água nas
torneiras.
E, infelizmente, nossos rios estão sendo poluídos ou são
poluídos.
A questão é crítica mesmo, requer seriedade nas tomadas de
decisões e um raio X detalhado.
Enquanto isso, façamos cada qual a sua, sendo racionais com
o uso da água, lembrando atentamente que a “torneira” aberta
desnecessariamente, esvazia, esgota, esvaia o precioso diamante líquido da
vida.
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