Confesso que compor este, com o mesmo tema ano após ano,
exigiu mais que estímulo de alguém que gosta de escrever.
Exigiu reflexão e um detalhado pesar, pesando e pensando que
água = ou + vida, ainda que tenha um dia específico de comemoração no globo,
talvez seu valor, sua importância, não sejam devidamente admitidos
individualmente e coletivamente.
Não se trata de ceticismo, pessimismo, facciosismo e nem
qualquer outro ismo.
Os sufixos usados são junções fato indignação por cada vez
mais ver: solos impermeabilizados, matas ciliares arrancadas, rios poluídos,
canalizados e tamponados, nascentes aterradas.
Vizinhos com vassouras hidráulicas, vazamentos gotejando
descasos, esgoto in natura boiando em corpos d’água, lixos jogados a revelia.
Este cenário é visto da janela de quem quiser observar, é
visto nas cidades, é visto em Jundiaí.
Navegando fluvialmente na bacia hidrográfica de Jundiaí, o
maior Rio da cidade que carrega em suas águas, além do mesmo nome do município,
altas cargas da ignorância: poluição; é classificado no pior estágio de degradação
dos corpos d’água, conforme leis ambientais. Nasce limpidamente na Serra dos
Cristais e deságua suplício no Rio Tietê, na cidade de Salto.
Remando em um de seus afluentes, o Rio Jundiaí-Mirim, este
merece um mergulho profundo, pois é manancial de abastecimento público, sendo
represado em um parque. Nasce em Jarinu, município lindeiro e tem o mais alto
nível de padrão de qualidade de águas, entretanto especialistas já alardearam
sobre a dificuldade de manutenção da preservação das boas características
deste, com os crescentes índices populacionais e áreas agricultáveis.
Nadando contra a correnteza, o Rio Guapeva, outro afluente
do Rio Jundiaí, tem seu leito totalmente retificado e canalizado, e suas águas
vindas da face sul da Serra do Japi, sofrem poluições e intervenções,
consequentemente perdendo qualidade e reduzindo volume.
Descendo de acqua-ride o córrego do mato, que em seu nome
trás a alusão, de que certo dia existiu mata ciliar em suas margens, foi
mexido, remexido em razão de obras públicas com o propósito de evitar “alagamentos”
na avenida, exterminando a comunidade aquática que ali vivia.
Velejando em águas cristalinas, mananciais de bairros do
município; córrego do Moisés, ribeirão Padre Simplício e ribeirão Caxambu; estas
águas são vertidas das nascentes do Japi, vetor oeste, e não há bons ventos
soprando-as, pois a pressão de uso e ocupação nessa região, e a crescente
demanda, prenunciam escassez.
E por fim, sem afogamentos, temos a responsabilidade de cuidar
do Rio Capivari, manancial de municípios vizinhos (Louveira, Valinhos e outros
jusantes), rio que nasce no Norte da cidade e, muitas vezes, vi crimes
ambientais sendo depositados, através de bota fora de entulhos, intervenções
horripilantes em áreas de preservação permanente.
Triste é a constatação: para curtir qualquer esporte
aquático mencionado neste texto, não temos nenhum rio na cidade e, que cuidemos
para continuar ter água nas torneiras, não só para o hoje, ou o amanhã
imediato, mas sim para as futuras gerações que estão por vir.
Dia 22 de março, dia mundial da água, dia de esgotarmos as
possibilidades de rever nossos rios vivos, drenando qualidade e abundância.
Feche as torneiras, não a mente!
Dia 23 de março, dia mundial de apagar as luzes por 60
minutos e participar da campanha da ONG WWF “Hora do Planeta”.http://www.wwf.org.br/participe/horadoplaneta/hp2013/
Apague as luzes, não as idéias!
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