A arte de retratar o Japi - seja através de imagens
panorâmicas de suas belas paisagens e contornos, ou imagens macro de seus
formatos e tons; seja na descrição de seu ‘caldeirão’ de biodiversidade, fauna
e flora - é um deslumbre paradoxal intrigante.
Sim, porque ao mesmo tempo em que se pode ver uma
delicada flor sendo polinizada por uma borboleta em uma borda de mata qualquer,
pode-se ver uma construção fatídica quase que competindo injustamente o mesmo
espaço, infringindo território, adulterando limites.
É a beleza natural da interação ecológica versus a
ocupação demográfica da cidade.
Chega a dar um certo grau de agonia e desconforto essa
disputa, que quando vista de cima, com um olhar crítico desafiante, encoraja a pensar nas possibilidades sustentáveis
de manter uma floresta em pé, cujo seus limítrofes são megalópoles.
Atiça ainda mais o pensar, quando fica-se sabendo que no
oitavo mês do ano, ocorreu a sobrecarga do planeta – esgotamento dos recursos
que a Terra é capaz de oferecer de forma sustentável no ano. (Dados do Global
Footprint Network - GFN).
E a opção que resta para esta ‘conciliação’ é uma questão
básica: entender os limites e gerenciar suas confluências. Tem também uma sequência
lógica: planejar o uso e a ocupação do solo de forma a garantir qualidade de
vida, almejando um notório resultado: equilíbrio!
E por que cutucar a onça? Porque a Serra do Japi não é só
um cenário de beleza cênica, morada do maior felino das Américas -- a onça
pintada; habitat onde ocorrem inúmeras interações ecológicas com diversidade de
flora -- árvores, arbustos e plantas. A Serra do Japi é gradiente de chuvas,
reguladora de temperaturas e estabilizadora de climas.
É também uma área de nascentes de rios, a propósito “cabeceiras
de rios” é uma das traduções da palavra Japi na língua Tupi Guarani.
De fato, no Japi como um todo: desde a mais simples
borboleta até a onça pintada, desde a mais simples planta de borda até um
jequitibá, desde um fio de água até suas nascentes, riachos e cachoeiras, há
vida pulsando!
Cada vez mais é perceptível a cidade subindo a Serra.
Refletir na urgência de tranversalizar a preservação da Serra do Japi,
contextualizar as necessidades de qualidade de vida e configurar a cidade e seu
crescimento com base nessas vertentes é um grande desafio aos profissionais de
planejamento, arquitetura e dos administradores públicos em cada projeto
pontual ou abrangente.
Fazer do meio
ambiente, um ambiente inteiro, planejar uma cidade onde as espécies e espécimes
da Serra do Japi ocupem os espaços, isso talvez, possa ser o viés preservação
versus crescimento.